Por muitas vezes ouvimos dizer que as coisas mais importantes são as coisas simples.
Apreciamos quando vemos a simplicidade nas atitudes das pessoas.
Por vezes no futebol ouvimos a expressão “não complica, faz o simples”.
A constituição de um dos maiores países do mundo tem apenas 7 artigos e 27 emendas, sendo que seu original tem apenas 4 páginas, ao contrário de países “sub-desenvolvidos” que chegam a ter 250 artigos e 80 emendas, sendo complicada e difícil de ser aplicada com precisão, dificultando sobremaneira o desenvolvimento desejável do país.
Se temos tanto apreço pela simplicidade é difícil entender porque, em tantas áreas, tudo é tão complicado.
Temos a tendência de gostar do simples, mas de agir complicando tudo.
Essa tendência acaba por fazer com que não acreditemos em certas coisas, porque nos parecem “simples demais”.
Dá margem também para que surjam e prosperem os “gurus da fé”, com seus títulos cada vez mais “imponentes” e suas pregações cheias de “novidades” e novas “revelações”, complicadas demais para os crentes simples, mas que chamam a atenção por serem tão “sobrenaturais”.
A CRIAÇÃO E A INCREDULIDADE
O primeiro exemplo está no início da Bíblia, no livro de Gênesis, onde é narrada a criação do mundo.
Logo no versículo 3 encontramos uma frase que contém uma palavra simples e que se repete algumas vezes nos capítulos 1 e 2.
A frase é “…e disse Deus…”
A palavra a destacar é “disse”, que revela a simplicidade da criação.
Deus falou, lançou a palavra e as coisas foram criadas.
Entretanto a humanidade como um todo, afirmando que está à procura das origens de sua existência, elabora complexas pesquisas e teorias, que nunca são conclusivas, porque aceitar a criação de todas as coisas apenas através de uma palavra é simplificar demais.
Não é possível crer nisso!
Quando Deus retirou o povo de Israel do Egito em direção à uma nova terra, o caminho a ser percorrido em linha direta seria muito mais curto (simples) do que na realidade foi, porque o coração das pessoas foi de incredulidade para com Deus.
A incredulidade é a razão de fazermos tudo de forma extremamente complicada, levando-nos por desvios que jamais chegarão a um bom destino, a não ser que Deus intervenha.
O nosso coração não regenerado rejeita os caminhos simples, por incredulidade, mas aceita a maneira de pensar tortuosa, complicada, doentia, sem destino claro, que por vezes a ele é oferecida.
E assim, por toda a Bíblia, Deus nos ensina a levar uma vida de maneira mais simples, que o coração sem Deus enxerga como sendo a mais complicada e difícil de acreditar (incredulidade).
OS REIS E A INVEJA
Quando o povo de Israel já estava constituído como povo, desfrutando de sua própria terra, era regido por Deus através dos profetas que traziam as diretrizes de Deus.
O povo de Israel, olhando ao seu redor, percebeu que todos tinham reis que governavam sobre eles.
E os reis e seus reinados ostentavam opulência, riqueza, prosperidade que se sobressaía através de seus palácios, suas carruagens, suas vestimentas ricas, suas tecnologias, seus governos, chamando à atenção dos olhos, despertando inveja e fazendo crer que era assim que deveria ser feito.
Assim maravilhado com o que via, o povo de Israel disse ao profeta Samuel que queriam que um rei humano reinasse sobre eles.
Fazendo assim perderam o reinado de Deus sobre eles, trazendo sobre eles mesmo grandes dissabores, quando os reis não governavam conforme a orientação de Deus.
AS CRIANÇAS SIMPLIFICAM
O Salmo 131:1-2 tem um incrível chamado à simplicidade:
“Senhor, não é orgulhoso o meu coração, nem arrogante o meu olhar. Não ando à procura de coisas grandes, nem de coisas maravilhosas demais para mim. Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma. Como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, assim é a minha alma dentro de mim.” Salmos 131:1-2 (NAA)
Essas palavras são reafirmadas no Novo Testamento da Bíblia no Livro de Romanos 12:16:
“Tenham o mesmo modo de pensar de uns para com os outros. Em vez de serem orgulhosos, sejam solidários com os humildes. Não sejam sábios aos seus próprios olhos.” Romanos 12:16 (NAA)
Jesus pessoalmente se referiu à importância da simplicidade para conhecer e ter acesso ao Reino de Deus.
Disse que as crianças são exemplo de simplicidade.
E é mesmo incrível ver como as crianças normalmente aceitam de bom grado as instruções que seus pais transmitem, simplesmente recebendo, atendendo e se alegrando com isso, sem qualquer tipo de incredulidade
Veja o texto em Lucas 18:16-17:
“Jesus, porém, chamando as crianças para junto de si, disse: — Deixem que os pequeninos venham a mim e não os impeçam, porque dos tais é o Reino de Deus. Em verdade lhes digo: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.” Lucas 18:16-17 (NAA)
Perceba que essa atitude de simplicidade vai nos dar acesso ao reino de Deus, com todos os recursos e privilégios que lá estão contidos.
É interessante como no Livro de Exodo cap.20, Deus deu a Moisés as tábuas da lei, que resumiam a conduta perfeita de uma vida, de maneira muito simples, encabeçada por apenas 10 mandamentos.
No Novo Testamento, em Marcos 12:30-31, Jesus veio e sintetizou os 10 mandamentos em apenas 2, simplificando ainda mais a maneira de uma conduta perfeita e simples.
A salvação eterna que Jesus veio trazer foi conquistada com sofrimento e morte, mas nos é oferecida de maneira muito simples: basta crer.
Muitos tem dificuldade para aceitar isso, porque parece simples demais.
Questionam como pode ser assim, já que fizeram tantas coisas erradas, já que tem tantos problemas e o mundo está tão complicado.
E a resposta ecoa sempre a mesma por toda eternidade: basta crer.
E o livro de João, cap. 3:16 é categórico a respeito:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16 NAA
CRISTO E A COMPAIXÃO
Pense também sobre um assunto importante: curas físicas.
Não quero polemizar sobre esse assunto que há séculos é objeto de intermináveis discussões.
O desafio é enxergar com simplicidade e fé o que está escrito.
Hoje me veio à lembrança o fato de que Jesus, pelo menos por 2 vezes, curou e ressuscitou simplesmente porque sentiu compaixão.
Não estava ensinando, nem cumprindo nada, apenas se compadeceu, como creio que se compadece ainda hoje.
O Velho Testamento afirma em Isaías 53:4-5 que Jesus assumiu nossas enfermidades e dores e que pelas suas pisaduras nós fomos sarados.
“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus e oprimido.” Isaías 53:4 (NAA)
“Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados.” Isaías 53:5 (NAA)
No Novo Testamento vemos a reafirmação do que foi dito por Isaías no Livro de I Pedro 2:24
“carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados.” 1Pedro 2:24 NAA
E ainda um texto que nos leva a pensar sobre a origem das enfermidades como sendo o pecado provocado pelo diabo, em Atos 10:38.
“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder. Jesus andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus estava com ele.” Atos 10:38 NAA
A proposta é que enxerguemos a Palavra de Deus de forma simples, aplicando a fé, deixando que o Espírito Santo de Deus nos ensine as coisas que não entendemos.
Vamos ler e praticar a Palavra de Deus.
Simples assim.
08.JUN.2018