Os barcos a vela, daqueles que são usados em esportes olímpicos, tem características bem interessantes.
Eles navegam usando enormes velas de material leve, que são submetidas à ação dos ventos.
O problema é que nem sempre os ventos são a favor e é aí que entra a habilidade dos velejadores, para velejar contra o vento e mesmo assim alcançarem seu objetivo.
É incrível, o vento sopra contra, mas o barco anda para a frente.
Cada vez mais vemos a sociedade e a cultura colocarem em questão conceitos solidificados, tradicionalmente aceitos e que há décadas, séculos e milênios estavam consolidados.
Jesus, na época em que viveu aqui na terra, encontrou costumes religiosos enraizados na cultura judaica.
A não ser em relação aos escribas, fariseus e doutores da lei, Jesus não confrontou diretamente os costumes da cultura local.
Ele não precisou.
Ele estava implantando o Reino dos Céus, o que por si só já confrontaria toda cultura secular do passado, do presente e do futuro.
Tudo o que Jesus falou sobre o Reino de Deus é exatamente o contrário do que a mente humana imagina.
Começa no livro de João capítulo 3, numa antológica conversa com Nicodemos, dizendo que ele precisava nascer de novo.
A confusão mental foi imediata.
E persiste até hoje.
Nós nascemos e crescemos sendo envoltos pelos costumes e cultura vigentes, adotando práticas e modos de agir que se amoldem ao nosso contexto cultural.
Vem então Jesus e diz “…necessário é nascer de novo…” João 3:7
Assim, Jesus estabelece que o Reino de Deus é contracultural, sempre o inverso das imaginações humanas, pois o coração do homem é e sempre será enganoso.
Num outro evento Jesus declara outra inversão “…quem achar a sua vida vai perdê-la…” Mt. 10:39.
Nosso mundo cultural diz que temos que crescer, conquistar, empreender, sermos conhecidos, enriquecer.
Jesus vem nos dizer que tudo isso será perda, se não fizermos por Ele e pelo Reino de Deus.
Se alcançarmos os maiores postos e as maiores riquezas deixando Jesus e o Reino de Deus de lado, na verdade será a maior perda de nossa existência presente e futura.
Isso é totalmente contracultural.
Em outra parte Jesus afirma que “…mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita…” Mateus 6:3
Talvez essa seja a afirmação mais contracultural que Jesus fez.
O modo de ser bem sucedido, diz que temos que mostrar nossas qualidades, exaltar nossos pontos fortes e repetidamente mostrá-los onde mais eles possam ser vistos.
Qualquer obra que você faz, e acha que faz bem feita, seja uma receita, uma música, um texto, uma palestra, um negócio bem sucedido, uma visita a um doente, uma doação a um idoso ou necessitado, tem que ser mostrada para que muitos a vejam.
Há o desejo da fama, sede por curtidas, ânsia por visualizações.
Jesus diz que quando fazemos assim, já recebemos o nosso galardão.
Por isso, fique alerta quando você perceber que é muito aceito por todos e todos concordam sempre com você.
Pode ser um sinal de que está se deixando levar pela correnteza.
O Reino de Deus não é assim.
Ser bem sucedido é navegar com seu barquinho à vela, impulsionado e direcionado pelo vento do Espírito Santo João 3:8; e mesmo que o vento seja contrário, manobrar suas velas e reverter o vento a seu favor, como diz em Filipenses 3:14 “…prosseguindo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus…”
26.JUL.2018
Extraído do texto “A VIDA AO CONTRÁRIO”